Há muitos anos passados se
conhecia um nordestino por seu
jeito de pessoa sofrida. Na cidade de Coité, interior paraibano, vivia uma família
muito pobre, que se sustentava da venda de dias trabalhos.
Esta família era
formada por Antônio dias da Silva, sua esposa Carolina Dias, e um casal de filhos: Juscelino
e Luzia.
Houve um ano de muita
seca naquela região que obrigou o senhor
Antônio deixar a família e viajar
para São Paulo, a fim de procurar trabalho para
que sua família não passasse necessidade.
Já em São Paulo, seu Antônio
logo conseguiu um trabalho como faxineiro em uma grande empresa, onde ele
recebia o seu salário no final do mês que usava para comprar comida e mandar para seus filhos.
Passaram nove anos até que
seu Antônio parou de dar notícias, pois encontrou outra companheira que fez com que
ele se esquecesse da dona Carolina, naquela
ocasião seu Antônio já estava totalmente
esquecido da sua família, pois Maria das Dores sua amante já tinha tomado o espaço de dona Carolina.
O tempo se passou, não havia notícia do seu Antônio e a saudade foi aumentando
juntamente com a falta de roupa, calçado e comida. Agora dona Carolina começa a
pensar dias e noites, os filhos já são adolescentes e precisam de roupas,
calçados e escola. Certo dia! Dona Carolina chama o casal de filhos e começa a
dizer; filhos vocês estão vendo que nós não temos mais recurso nenhum: vamos
vender as galinhas, os porcos, o jumento e as cabras, vamos juntar todo o
dinheiro e vamos a São Paulo procurar seu pai que nos esqueceu aqui neste
cafundó. Juscelino já tinha 16 anos e Luiza 14 anos. Apareceu um fazendeiro da região
que com pouco dinheiro comprou tudo que dona Carolina possuía.
No dia seguinte ela com
seu casal de filho pegou um ônibus em Coité que á levou até Campina Grande, o dinheiro que ela
tinha só deva para comprar as passagens dela e os seus filhos
até são Paulo. Três dias de viagem chegaram a São Paulo e desembarcaram na Estação
da Luz... Não conheciam ninguém, todos que ela olhava não era o seu marido, passou a primeira noite a segunda e dona Carolina não suportava
mais a fome o frio e a reclamação dos
filhos, então dona Carolina agora
segue outra trilha, chama os filhos e fala:
Filhos nós já estamos
vendo que não vamos encontrar seu pai nesta enorme cidade. O que vamos fazer? Vamos pedir ajuda,
caso contrario nós vamos morrer de fome aqui
neste mundaréu de gente que nunca vi na
minha vida.
Como pedir ajuda? Pergunta
Juscelino. Nós não conhecemos ninguém!
Dona Carolina responde:
vocês vão ficar aqui junto de mim e eu vou ficar de olho; quando passar uma
pessoa simpática eu chego perto dele peço para pagar um almoço para nós. As horas passaram
e a fome foi apertando; dona Luiza começou a chorar pedindo socorro que estava quase a morrer
de fome. Apareceu uma senhora muito simpática
perguntou porque aquele choro naquele lugar? Dona Carolina contou toda a
história desde o dia que seu Antônio partiu até aquele dia que ali estavam.
Esta senhora era dona Carmem, funcionaria
do fórum de Barra Funda. Quando
se interessou pela situação
providenciou comida, roupa e abrigo para a família. Uma semana depois, dona Carmem
conseguiu uma casa de família para dona Carolina trabalhar como doméstica.
Passaram-se dois anos e
dona Carolina foi posta na rua, porque a família de onde trabalhava não
aceitava seus dois filhos. Dona Carolina alugou um barraco de dois cômodos para
morar com seus dois filhos na periferia. Todos os dias saia cedo para trabalhar,
sempre deixava seu casal de filhos em casa. Enquanto dona Carolina saia para o
trabalho, os filhos aprenderam a
sair para fazer coisas que não deviam, a mãe não sabia o que
os filhos faziam na sua ausência. Certo dia,
um passageiro na estação da luz puxa uma
arma e atira em um ladrão que tentava roubar a sua carteira. Perante muitos olhares curiosos apareceu dona Carolina,
ela olhou o corpo sem vida no chão, reconheceu que aquele jovem morto era seu
filho Juscelino. A dor da dona Carolina
foi tão grande que ela se debruçou por cima do cadáver enquanto chorava. Logo
veio a notícia, o assassino tinha sido preso. Surpresa, dona Carolina encarou o assassino e
reconheceu que era seu esposo que a tanto tempo não se viam.
Que esta historia sirva
de lição para todos os pais, que possam
procurar criar e educar os filhos
dentro do seu lar, recebendo os ensinamentos
vindos de Deus, tal como aponta o livro de Provérbios 22;5: “Nas trilhas dos perversos existem
espinhos e ciladas; quem deseja proteger a própria vida deve afastar-se deles.
Ensina a criança no caminho em que deve andar, e mesmo quando
for idoso não se desviará dele!”
Nazareno M. Borges
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